Rodrigo

Carta do leitor - 05/08/2009

Diário de Penápolis.

“Digníssimo” Artista

 

     Quem, até hoje, não viu interpretando sobre as pernas-de-pau? Quem, até agora, não escutou os modestos acordes de seu violão? Quem ainda não teve o privilégio de assistir suas performances mambembes no palcos italianos, no teatro de arena, no pátio da matriz, nas ruas, nas calçadas e praças públicas? É muito bom contar com o empenho desse artista na comunidade penapolense, as sementes polinizadas pela execução sua obra são de domínio público e, foi com muita sabedoria e visão de futuro que a gestão pública municipal propiciou a disseminação de sua arte através do Livrônibus e das histórias contadas na sala Cora Coralina. Alguns o chamam pelo primeiro nome do primeiro batismo, Rodrigo, outros, de forma abreviada, , na pia batismal dos palcos ficou sendo o “Diguinho do Teatro”, um ator jovem de muitos nomes e incomensurável talento.
    Já faz um bom tempo que o chamo de “Digníssimo”, a princípio por aliteração, mas essa figura de linguagem é o que menos importa nesse momento, pois seu caráter, dedicação, versatilidade, inteligência e amor no desempenho de suas atuações é que lhe concedem tal ajetivo com o devido superlativo apendiceado: “Digníssimo”.
    Vida de artista parece tão fácil, mas não é, principalmente quando o alvo de sua dedicação é o público infantil. Cada apresentação é uma nova lição. É preciso para... repensar... refazer... reconstruir... recompor... seguindo uma linha filosófica de trabalho norteada pelo desenvolvimento dialético dramatúrgico.
Na sexta-feira, 31 de Julho, fomos prestigiá-lo na Biblioteca Municipal. A encarregada do “Lactário” Dília Ribeiro, educadoras e voluntárias ficaram perplexas com a riqueza imaginativa extraída dos singelos recursos cênicos. Uma mala rústica que guarda 1 (um) copinho plástico de café (“gato”), 1 (um) MILHÃO DE FANTASIAS DE CRIANÇA. Daquelas que desaparecem quando se cresce. Aquelas que transformam a caixa de fósforos em “carinho”, uma régua e uma caneta em “avião”; o copo menor em “gato” e o maior em “tigre”.
    Criança é o sinônimo de verdade, é por isso que acredito nelas como o verdadeiro termômetro do artista. Alunos do Berçário II e Maternal I do “Lactário” estavam lá, criancinhas de um ano e meio até três anos e meio de idade que não tiravam os olhos da interpretação, que participavam das histórias com o riso, com o canto e o encanto. Em nenhum momento houve dispersão. Existe maior prova de talento do que ser entre as crianças uma unanimidade? É por isso “Diguinho”, que vou continuar com a saudação em “Digníssimo”, e que Penápolis tenha a oportunidade de otimizar o uso-fruto de sua arte, antes que os maiores centros venham buscar em nosso “celeiro cultural” o que temos de melhor.

Fábio Coimbra é diretor de teatro.

 

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